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Safra de café pode ser recorde, mas concorrência externa cresce
Safra de café pode ser recorde, mas concorrência externa cresce
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Safra de café pode ser recorde, mas concorrência externa cresce

por Folha de São Paulo: O Brasil pode atingir recorde de produção de café neste ano, com o volume ficando entre 49,1 milhões e 51,9 milhões de sacas. Se confirmada a estimativa maior, a produção supera o recorde de até então, que é de 50,8 milhões de sacas em 2012. No ano passado, foram produzidos 43,2 milhões de sacas. Os dados são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que fez a coleta dos dados de novembro a dezembro. Em geral, as estimativas de produção da Conab apontam volumes menores do que as do mercado. O aumento de produção ocorre devido às expectativas de um clima mais favorável em relação ao dos últimos anos, quando a seca provocou queda na produtividade. A evolução da produção brasileira poderá ser de 14% no ano, se ficar no menor volume estimado pela Conab, a 20%, se atingir o teto previsto. CONCORRÊNCIA A possível produção recorde do Brasil ocorre em um período de retorno ao mercado, e com força, de grandes competidores, como Colômbia e Vietnã. Os colombianos, após vários anos renovando o cafezal, período em que a safra recuou para um volume próximo de 8 milhões de sacas por ano, produziram 13,1 milhões de sacas no ano passado. As exportações do país, que somaram 11,5 milhões de sacas até novembro, devem fechar o ano com volume acima de 12,5 milhões de sacas. O Vietnã, líder mundial no café robusta, também teve forte evolução na produção nos últimos anos, que já atinge 27,5 milhões de sacas. As exportações, também crescentes, somaram 25 milhões de sacas em 2013/14, segundo o OIC (Organização Internacional do Café). O Brasil, que teve exportações recordes de 37,5 milhões de sacas no ano passado, deverá encontrar uma concorrência maior neste ano no mercado externo. A produção mundial de café foi de 143,4 milhões de sacas na safra 2015/16, com evolução de 1,4% ante a anterior. O consumo mundial, segundo o OIC, foi de 149,8 milhões em 2014, com os estoques mundiais somando 23 milhões de sacas em 2014/15. Enquanto o consumo brasileiro cresce 1% ao ano, somando 20,5 milhões de sacas, a média mundial é de 2,4%. Nos mercados tradicionais, a evolução é de 1,8%. CUSTOS Mas os produtores deverão conviver com custos internos maiores, vindos principalmente de insumos e recuo nos preços externos. Como as demais commodities, o café também mantêm queda de preços nas negociações externas. Neste mês, as exportações estão sendo feitas, em média a US$ 145 por saca, 28% abaixo dos US$ 200 de janeiro de 2015, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Resta a esperança da manutenção dos preços em reais devido à valorização do dólar. O espaço dedicado ao café é de 2,25 milhões de hectares no Brasil, com 88% dessa área em produção. Já na Colômbia, a área é de 950 mil hectares, ante 878 mil em 2008. O café tipo arábica, produto do qual Brasil e Colômbia são líderes na produção, participa com 60% do mercado mundial, somando 84,3 milhões de sacas, segundo a OIC. As estimativas de produção, consumo e estoques de café são sempre controversas. O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou, por exemplo, que a produção brasileira foi de 49,4 milhões de sacas no ano passado. O Vietnã obteve 29,3 milhões de sacas; a Colômbia, 13,4 milhões; e a Indonésia, 10,6 milhões.