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Café do Brasil quer vencer Donald Trump pelo sabor
Café do Brasil quer vencer Donald Trump pelo sabor
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Café do Brasil quer vencer Donald Trump pelo sabor

O produto brasileiro é considerado essencial na composição dos blends de cafés vendidos nos Estados Unidos.

Por: Globo Rural

Os Estados Unidos até podem comprar mais cafés de outros países e menos do Brasil, caso o tarifaço de Donald Trump entre em vigor a partir de 1 de agosto e o país diminua as compras do grão brasileiro. Mas os americanos precisarão aceitar uma mudança drástica no sabor do café que estão habituados a consumir diariamente, avalia o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira.

O produto brasileiro é considerado essencial na composição dos blends de cafés vendidos nos Estados Unidos. Possui características de corpo, níveis de acidez e doçura capazes de atender a todo o tipo de paladar em território americano. Além de haver poucas opções de países com capacidade de fornecimento em escala, nenhum outro grande fornecedor no mundo tem café com essas características.

Para Ferreira, diante disso, os americanos não terão como sustentar essa interrupção de compras de cafés brasileiros repentinamente e comprometer o funcionamento de um setor que movimenta 1,2% do PIB dos EUA.

“Não se muda um blend de café da noite para o dia. Quando você quer mudar um produto na linha de um grande, pequeno ou médio importador, muitas vezes leva-se dois, três ou até cinco anos para entrar com esse produto na prateleira do supermercado. Você precisa de pesquisas e entender se aquele produto realmente conversa com o público que o consome”, diz.

O executivo acredita que esse fato, além de o produto brasileiro ser atualmente mais competitivo do que o grão de qualquer outra origem, deve ajudar o setor privado americano a convencer o governo Trump de que taxar o café do Brasil vai custar caro ao bolso dos consumidores e ainda deixar um sabor amargo na boca dos milhões de americanos, literalmente. Aliás, o consumo por lá supera o do Brasil.

Ferreira faz parte do grupo de lideranças do agronegócio brasileiro que mantêm interlocução direta com o governo federal e ao mesmo tempo com os compradores dos EUA na crise instalada desde o anúncio de taxação pelo republicano Donald Trump.

O dirigente acredita que, diante do prazo curto e da urgência do tema, a medida prometida pelo presidente americano deve ser adiada, até porque ainda não há nenhuma ordem executiva, com todas as regras sobre como será esse novo comércio tarifado na prática.