
Cecafé aposta em diálogo para evitar tarifas dos EUA e descarta cotas de exportação
Cecafé aposta em diálogo para evitar tarifas dos EUA e descarta cotas de exportação
Representante do setor avalia que Lei da Reciprocidade é vista com muita cautela, especialmente para não provocar guerras tarifárias
O diálogo para negociar as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, em especial sobre o café, será fundamental nas próximas duas semanas e, até o momento, não se fala em cotas de produtos. É o que sintetizou o diretor-executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, nesta terça-feira (15/7), após reunião com o governo federal sobre o tarifaço.
Ele acrescentou que a citação da Lei da Reciprocidade é vista com muita cautela, especialmente para não provocar guerras tarifárias.
“A Lei da Reciprocidade, quando citada, é sempre mencionada com cautela e cuidado para não se gerar guerras tarifárias. Isso não seria benéfico para nenhum dos lados. Busca-se a compreensão dos impactos econômicos para ambos os países”, enfatizou Matos à imprensa, após a reunião de representantes do governo federal, entre eles o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Para Matos, o encontro foi produtivo porque conseguiu elencar com “pragmatismo” e “senso de urgência” a necessidade de articulação do Brasil com a chamada “contraparte”, que são os empresários e associações nos Estados Unidos.
No caso do café, a entidade se mostrou alinhada com a National Coffee Association (NCA, na sigla em inglês) para evitar a sobretaxa informada por Donald Trump no último dia 9 de julho. Em maio, a organização americana já havia se reunido com a ala republicana para pedir que o café não fosse taxado, pois é um produto que não se cultiva em escala no território americano, salvo em áreas do Havaí e da Califórnia.
Em pesquisa divulgada em junho, a NCA também mencionou a dependência do indústria norte-americana do grão brasileiro, que representa atualmente 1/3 do café consumido nos EUA.
A NCA deve se reunir com o Cecafé ainda esta semana para uma nova conversa. Para Matos, é muito importante que entidades norte-americanas se posicionem e pressionem o governo Trump para avançar no debate sobre as tarifas.
Cotas
Para Matos, a reunião entre autoridades e setor privado, incluindo câmaras de comércio, foi produtiva, e elencou prioridades nas negociações até o fim de julho.
“Não se fala em cotas, não se fala em questões que prejudiquem a postura do Brasil perante o fluxo do comércio. A questão é os impactos econômicos empregos da população geral”, disse à imprensa o diretor-executivo do Cecafé.
Ele destacou também que a entidade seguirá alinhada com os embaixadores e ministros brasileiros na agenda do tarifaço, citando, inclusive, embaixadores experientes já aposentados que foram chamados para negociação. “A gente busca [neles] direcionamento já nos próximos dias”, reforçou.
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