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Clima no Brasil faz preço do café subir de novo em setembro
Clima no Brasil faz preço do café subir de novo em setembro
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Clima no Brasil faz preço do café subir de novo em setembro

Café e milho foram os destaques de alta nas bolsas internacionais em setembro. Entre as commodities que tiveram desvalorização no mês, as maiores perdas foram registradas pelo cacau e pelo açúcar, conforme acompanhamento do Valor Data.

Por: Globo Rural

Pelo segundo mês consecutivo, as preocupações em torno da próxima safra de café do Brasil sustentaram o grão na bolsa de Nova York. O preço médio dos contratos de segunda posição subiu 11,65%, para US$ 3,7212 a libra-peso.

A colheita de café 2026/27 no Brasil, maior exportador mundial do tipo arábica, só começa em meados de maio do próximo ano. Ainda assim, investidores tentam antecipar qual será o rendimento da nova temporada. A mudança nos mapas de clima gerou preocupação a respeito do tamanho da produção de café no país.

“Setembro marcou o surgimento da primeira florada para o arábica, e o atraso das chuvas em áreas produtoras do Brasil, previstas para o início de outubro, gerou grande receio no mercado. A previsão agora mostra que as chuvas só devem acontecer na segunda metade do mês”, disse Haroldo Bonfá, diretor da Pharos Consultoria.

Segundo ele, com a florada em alguns cafezais, o atraso nas precipitações pode prejudicar a maturação do grão que será colhido no ano que vem. O “clima no Brasil seguirá como o principal fator de atenção do mercado de café em Nova York”, observou o analista.

Para Bonfá, um fator secundário para a alta dos preços foi a sinalização de que os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva poderiam negociar uma saída para a taxação de 50% sobre a exportação de produtos brasileiros pelos EUA. A esperança de um acordo cresceu depois que o republicano elogiou Lula durante discurso na Assembleia Geral da ONU.

“O mercado se pautou na especulação em torno de uma conversa entre Trump e Lula sobre o tarifaço. Mas o fato até o momento é que não há nada de concreto que vá mudar a situação das tarifas no café”, acrescentou Bonfá.

Soft commodities

Ainda na bolsa de Nova York, o preço do cacau caiu 8,8% em setembro para uma média de US$ 7.268 a tonelada. Outubro marca o início da colheita da safra de cacau 2025/26 no oeste da África, que responde por 70% da produção mundial. O clima favorável ao cacau na região aumentou o otimismo com a oferta no novo ciclo, o que derrubou os preços.

O quadro de oferta confortável também fez o açúcar recuar. Os contratos de segunda posição caíram 4%, a 16,38 centavos de dólar a libra-peso. No caso do algodão, os futuros recuaram 1,1%, para uma média de 66,44 centavos de dólar a libra-peso. Ainda em Nova York, o suco de laranja teve leve alta de 0,4%, para um valor médio de US$ 2,4508 por libra-peso.

Grãos

Na bolsa de Chicago, mesmo diante de uma previsão de safra recorde nos EUA, os contratos de segunda posição do milho subiram 7,7% em setembro, para um valor médio de US$ 4,3769 por bushel. Os sinais de demanda aquecida no mercado americano sustentaram a alta.

Segundo avaliação de Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, a queda nos preços do milho em agosto, de 1,5%, incentivou o consumo do grão em setembro nos EUA. “O milho terá uma produção fantástica nos EUA, e a demanda interna para as indústrias de ração animal e etanol está muito boa. O cereal próximo dos US$ 4 deixa uma margem muito interessante para essas indústrias”, afirmou.

A soja e o trigo também se valorizaram em Chicago em setembro. Os contratos de segunda posição da oleaginosa subiram 2%, a US$ 10,3823 por bushel na média. O trigo teve alta de 1,6%, para uma média de US$ 5,3873 por bushel.

Fernandes creditou a movimentação da soja a ajustes técnicos, uma vez que a perspectiva é de produção favorável não só nos EUA como no Brasil. Além disso, prevalece a ausência da China nas compras de soja americana. Para o trigo, apesar de problemas pontuais com a colheita na Rússia, o quadro para a produção global é favorável, com boas condições de safra nos EUA e na Austrália.