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Conab atesta queda da produtividade e reduz estimativa para a colheita de café
Conab atesta queda da produtividade e reduz estimativa para a colheita de café
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Conab atesta queda da produtividade e reduz estimativa para a colheita de café

por Valor Online: A Conab reduziu em 2,1 milhões de sacas, sua estimativa para a safra brasileira de café em 2015/16. De acordo com o terceiro levantamento sobre a temporada, a produção - em período de baixa bienalidade da cultura - deve alcançar 42,14 milhões de sacas, 7% abaixo das 45,34 milhões de do ciclo 2014/15. Em relação ao levantamento anterior, de 44,28 milhões de sacas divulgado em junho, a queda foi de 4,8%. A nova previsão da Conab se aproxima mais do número estimado pelo setor produtivo do país, mas se distancia dos projetados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e tradings. Para o café arábica, a Conab estimou uma produção de 31,3 milhões de sacas no país na safra 2015/16, uma queda de 3,1% em relação ao ciclo anterior, em decorrência da forte queda na produção no Cerrado Mineiro (1,534 milhão de sacas a menos) e em São Paulo (753,9 mil sacas a menos). De acordo com a Conab, a produção de café arábica avançou apenas na Zona da Mata Mineira, no Paraná, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. A autarquia destacou ainda a recuperação da produção no Paraná. No caso da espécie conilon, a Conab estimou uma produção de 10,9 milhões de sacas na safra 2015/16, uma forte redução de 16,7% na comparação com o ciclo anterior. A menor safra no Espírito Santo, maior produtor da espécie, explica o desempenho. Segundo a Conab, as lavouras do Estado foram afetadas por déficit hídrico, temperaturas altas e grande insolação em dezembro de 2014, janeiro e fevereiro de 2015, período de formação e enchimento de grãos, o que levou a grãos menores e mais leves. O levantamento estimou ainda que a produtividade da safra brasileira 2015/16 de café ficou em 21,84 sacas por hectare, redução de 6,2% em relação ao ciclo precedente. Segundo a Conab, a queda foi influenciada pela falta de chuvas nas principais regiões produtoras de café do país, especialmente o Sudeste. A escassez de precipitações afetou o enchimento dos grãos, que ficaram menores. Assim, foi necessário mais grãos para encher uma saca, como mostrou reportagem do Valor, em julho, na região cafeeira do sul de Minas. "Agora, o número da Conab está mais dentro da realidade", disse José Edgard Pinto Paiva, presidente da Fundação Procafé. Levantamento da Procafé do primeiro semestre estimou uma produção entre 40,3 milhões e 43,25 milhões de sacas na temporada. Mas os dados da Conab ainda estão distantes de um que costuma influenciar o mercado, o do USDA, que prevê safra de 52,4 milhões de sacas. Outra previsão à qual o mercado fica atento é a da Volcafe, que estima uma produção de 48,3 milhões de sacas no país. "Parece um pouco baixo", observou Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, em referência ao dado da Conab. A estimativa de ontem - aliada ao recuo do dólar ante o real - fez o arábica subir na bolsa de Nova York. Os contratos com entrega em dezembro subiram 170 pontos, para US$ 1,2085 a libra-peso. Nathan Herszkowicz, da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), observou que há "números um pouco maiores transitando no mercado". Mas ressaltou que "o fato é que o mercado está suprido, mas sem excedentes". Assim, avaliou, o mercado deve ser influenciado pelas floradas da safra 2016/17 e pelos efeitos do clima no novo ciclo. Diante da queda na produção na safra 2015/16, o Estado que mais preocupa o governo é o Espírito Santo. "O ponto de atenção maior na política agrícola agora é no Espírito Santo e temos que acompanhar o nível de endividamento lá. Porque há um cenário favorável do ponto de vista de mercado, mas ruim do ponto de vista de renda por causa da quebra", disse ontem o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, após a divulgação da previsão da Conab.