
Trump taxa produtos do Brasil em 50% e expõe setores do agronegócio
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta quarta-feira (9/7), uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil.
Por: Globo Rural
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, na quarta-feira (9/7), uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. Mais cedo, o presidente americano havia prometido revelar a alíquota sobre bens brasileiros até a manhã desta quarta. Anteriormente, ele havia ameaçado os integrantes do Brics com uma tarifa de 10%, cinco vezes inferior.
No agronegócio, Brasil e Estados Unidos são concorrentes no mercado mundial de alguns produtos, como soja e algodão. Em outros, são parceiros comerciais. Os americanos são o segundo maior destino das exportações do setor, mostram as estatísticas do Ministério da Agricultura. Em 2024, foram 9,43 milhões de toneladas de produtos, que geraram uma receita de US$ 12,09 bilhões.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do agro brasileiro, atrás apenas da China. No ano passado, a participação no valor das exportações do setor passou de 5,9% para 7,4%. Mesmo não estando entre os que receberam tarifa mais elevada, o Brasil sentirá os efeitos da política comercial trumpista.
Carne Bovina
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou, em nota, que qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros representa um "entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina".
A entidade reforçou a importância de que "questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países".
Só no primeiro semestre deste ano, os frigoríficos do Brasil exportaram 181,4 mil toneladas aos norte-americanos, em negócios que renderam US$ 1,04 bilhão, a um preço médio de US$ 5,73 mil por tonelada.
Exportações de carne bovina do Brasil para os EUA
Período | Volume (em toneladas) |
janeiro a junho de 2025 | 181.477 |
janeiro de 2025 | 18.974 |
fevereiro de 2025 | 26.936 |
março de 2025 | 42.113 |
abril de 2025 | 47.836 |
maio de 2025 | 27.413 |
junho de 2025 | 18.232 |
Fonte: Abiec
A associação salientou que segue atenta e à disposição para contribuir com o diálogo, "de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos, que recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis".
Suco de laranja
O setor de suco de laranja, que tem os Estados Unidos como principal cliente para suas exportações, disse ter sido foi pego de surpresa com o anúncio das tarifas.
“Ainda vamos analisar os impactos, mas é péssimo. Essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos Estados Unidos, que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há décadas”, afirmou Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
Exportações de sucos do Brasil para os EUA
Período | Volume (em toneladas) | Receita (em US$ milhões) |
janeiro a maio 2025 | 570.000 | 692,2 |
Fonte: Agrostat (Ministério da Agricultura)
Em abril, quando Trump anunciou uma tarifa adicional de 10%, a CitrusBR já estimava perdas de R$ 1,1 bilhão por ano em exportações. À época, a associação previu custos adicionais de R$ 585 milhões por ano, ao considerar a projeção de exportação anualizada de 235,5 mil toneladas aos Estados Unidos e o câmbio do momento.
Somados aos tributos já incidentes, como a tarifa de US$ 415 por tonelada de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ equivalente a 66 Brix), que chegou a US$ 85,9 milhões em pagamentos em 2024, a conta da CitrusBR chegava a R$ 1,1 bilhão.
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