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Revista Cocapec: Mastite Bovina – Prejuízos frequentes nos rebanhos leiteiros

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Revista Cocapec: Mastite Bovina – Prejuízos frequentes nos rebanhos leiteiros
por Revista Cocapec:
*Autor: Paulo Correia/ Médico Veterinário Uniagro/Cocapec – Mestre em medicina veterinária e professor universitário
A mastite ou mamite, inflamação da glândula mamária, tem causas diversas, mas os fatores que levam a perdas econômicas, nesta doença, são os causados por microrganismos.
Eles foram agrupados em dois tipos devido à origem e modo de transmissão. São chamados de Microrganismos Contagiosos: transmitidos principalmente durante a ordenha, em que a bactéria já está no corpo do animal (com ou sem infecção), e de Microrganismos Ambientais: aqueles que vivem em todos os lugares no ambiente; ar, fezes, cama onde as vacas deitam, no barro e nas lagoas. Podem ser bactérias, fungos ou algas.
Como já mencionamos em outro artigo desta revista, a mastite infecciosa é uma das principais causas de prejuízos em uma propriedade leiteira. A vaca com esta infecção vai produzir menos leite e de qualidade inferior, com menor teor de cálcio, lactose, gordura e aumento da lípase, que deixa o leite com sabor de ranço.
Comentamos, também, sobre os tipos de mastite: subclínica, mastite clínica aguda e crônica.
A que ocasiona maior redução da produção de leite é a mastite subclínica, avaliada, por diversos autores, em torno de 80%. A mastite clínica é responsável por 20% do prejuízo total. Costa e cols., 1998, relataram que as perdas por mastite subclínica chegam a $332,20 dólar por vaca/ano.

“A mastite infecciosa é uma das principais causas de prejuízos em uma propriedade leiteira”Mastite clínica é aquela que o ordenhador observa mais fácil, pois o úbere ou o teto está alterado: fica vermelho, quente, dolorido e inchado (rubor, calor, dor e edema). As características do leite podem estar ou não alteradas. Quando estão, apresentam grumos e/ou coágulos. A mastite crônica (que geralmente não foi tratada) não é observado sinais de inflamação, e o leite quase sempre não apresenta grumos. É aquela que o vaqueiro diz: o leite “virou água”, um líquido incolor e fétido. Já a mastite subclínica é aquela que praticamente não apresenta sinais de processo inflamató- rio, o úbere não fica duro (sem fibrose) e não tem inchaço (sem edema). Porém há uma grande diminuição da produção de leite. O produtor de leite, “herói-estressado”, que entrega seu produto sem saber o preço a receber da indústria ou cooperativa, tem um cenário sombrio quando se instala em sua propriedade uma enfermidade descrita acima, diminuindo sua produtividade e colocando em risco a qualidade de seu produto, devido aos germes patógenos causadores da doença. Seu objetivo, um lucro maior, fica inferior aos custos da produção. Os custos associados à mastite bovina aumentam com a redução na produção de leite, com o uso de medicamentos para o controle da doença, o descarte do leite com resíduos do antibiótico usado, os serviços veterinários e ainda, o possível descarte antecipado dos animais acometidos. A notória redução da produção de leite é considerado o principal fator relacionado nas perdas econômicas em qualquer forma de mastite bovina, tanto na clínica como na forma subclínica. Desde o início da doença, quando já é sensível a queda da produção, como após o tratanento, mesmo com a cura do animal, ainda há um longo prazo para recuperação da produção, e, em alguns casos, a vaca não produzirá mais aquele percentual tanto na lactação atual como nas próximas lactações. Depende também de qual o tipo de bactéria que acometeu a glândula mamária. Os custos dos medicamentos para o tratamento da vaca com mastite também implica nos danos econômicos. Existem tratamentos mais duradouros e medicamentos mais caros. Há sempre uma penalização pela usina receptora do leite pela alta contagem microbiana e de células somáticas, diminuindo a bonificação por qualidade inferior do leite, resultando em preços menores neste período. Aliados a estes custos tem também os serviços veterinários para o controle das mastites, que sempre o produtor espera que sejam menores que os benefícios trazidos pela consulta. Finalizando, computa-se também, o descarte prematuro da vaca doente que não conseguiu se recuperar completamente da doença, tendo sempre uma recidiva. A reposição deste animal por uma fêmea mais jovem é uma boa alternativa. Porém, o preço da venda é geralmente aquém da reposição da novilha comprada. Lembrando sempre que um programa de controle de mastite na propriedade leiteira, como também a educação sanitária dos tratadores e ordenhadores, é imprescindível na formação de uma boa equipe para o sucesso produtivo e econômico da atividade. Veja a edição completa da Revista Cocapec
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